#002 Básico é sem graça?
- Paula Rafaela da Silva
- 31 de jul.
- 3 min de leitura
Não é meu papel te ensinar a se vestir. Isso você já sabe. O meu papel é facilitar a sua relação com a prática do vestir: organizar as ferramentas e combinações que melhor expressam quem você é. Fazer isso de forma prática, funcional, que caiba na vida real — e que não dependa de um grande evento pra você se sentir bonita dentro de uma roupa.
Estilo pessoal costuma ser um drama generalizado entre as minhas clientes. É muito comum elas se definirem como "básicas". E esse “básico” carrega um peso — como se, no fundo, quisessem dizer “sem graça” ou “sem expressão”.
Pausa dramática aqui, porque isso é uma falácia.
Segundo o dicionário, básico é aquilo que é fundamental, essencial, estruturante. Ou seja, se tem uma coisa que o básico diz sobre o seu estilo é que você conhece — e respeita — o que é essencial pra você.
O dicionário também aponta que básico pode significar simples. E, no caso da roupa, “simples” muitas vezes é interpretado como "desprovido de sofisticação". Mas aí te pergunto: que tipo de sofisticação? Aquela que exibe uma joalheria de primeira linha? Ou a que consome peças sob medida das maisons de haute couture? Ou ainda, a sofisticação de quem escolhe bem uma modelagem?

Na moda da vida real, a gente convencionou a enxergar o básico como sem graça, sem criatividade, sem bossa.
O fato é que o “básico”, como qualquer conceito no estilo pessoal, pode significar muitas coisas. Afinal, uma maratonista não tem as mesmas demandas de uma médica de plantão, de uma passista de escola de samba ou de uma chef de restaurante renomado. Concorda?
Eu, por exemplo, não imagino meu guarda-roupa sem um bom jeans. E tenho mais de uma amiga que não tem sequer uma jaqueta jeans no armário.

Por isso, básico tem contexto. Assim como tudo que envolve estilo pessoal, não existe uma lista universal de peças obrigatórias.
Pensar o básico como o seu essencial ajuda a entender até onde você quer — ou pode — ousar. Alguém que ama jeans e camiseta talvez tenha dificuldade de usar uma roupa formal. E tudo bem. O ponto é: ela precisa usar? Ela quer? Existe alguma motivação real pra colocar um blazer preto?
Isso não significa que essa mulher está mal vestida ou que seu visual seja desinteressante. Mas pensar em alternativas que façam sentido e entreguem resultado exige conhecimento, técnica e testes. Vídeos de styling e dicas rápidas de rede social não dão conta disso.
Gosto de comparar com nutricionista: todo mundo sabe comer. Agora, comer na medida certa — com os nutrientes certos, para o seu corpo, sua rotina, sua idade — já é outra conversa. Nem todo mundo precisa, mas quem quer colher os frutos desse conhecimento, se beneficia muito.
Se você reparar, em tempos de mudança de vida, a gente costuma automatizar o vestir até enjoar. Isso porque, quando a vida está exigindo atenção em outras áreas, pensar na roupa vira uma demanda a mais. Aí, sem estratégia, a gente acaba usando sempre as mesmas peças, do mesmo jeito. Se sente entediada, sem graça, e compra por impulso — tentando dar uma “renovada” no armário.
Contratar uma consultoria de estilo é sim um serviço de luxo. Mas isso não significa que é supérfluo. Num mundo cada vez mais dominado pela imagem, a forma como nos apresentamos se tornou parte da mensagem que queremos comunicar.
Não à toa, eu mesma tratei de avaliar e reposicionar a minha.
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